domingo, 30 de agosto de 2009

Domingo na praia

Não existe nada que se compare a uma boa praia num domingo de sol e céu azul. Tudo começa logo cedo, com sua família acordando-lhe às seis da manhã (tendo você trabalhado até ao entardecer de sábado) para aproveitarem ao máximo o dia ensolarado. A princípio você enrola, demora a se levantar, acorrentado por Morfeus ao seu leito. Mas depois que o terceiro filho cai de joelhos na sua barriga após um duplo mortal carpado, sua disposição aumenta na proporção direta das dores nos seus rins.
Após levantar-se e jogar água fria nos rosto, para certificar-se de que realmente esta acordado, a direção natural a ser tomada é o da mesa do café. Lá chegando você nota, para sua felicidade, que sua família devorou três bisnagas, 300 gr de presunto, 400 gr de queijo prato, uma trança doce e sorveu o bule de café e um litro de leite. Restaram-lhe o resto do suco de maracujá e umas bolachas de água e sal. Tudo bem, tudo em prol da alegria familiar.
Uma das partes mais empolgantes da aventura dominical é a arrumação para a praia. Em trinta segundos (o tempo de colocar a sunga) você esta pronto e em stand by, já os demais membros da família (esposa, três filhos, mãe, sogra e cunhada) transformam este momento num daqueles documentários monótonos sobre a arte barroca no setecentos colonial, ou seja, no mínimo duas horas de sofrimento e penosa angústia. Sua esposa teima que o sunquine esta apertado, suas filhas experimentam todos os biquínis e não gostam de nenhum, a sogra desaprova o maiô que lhe fora comprado de presente no dia anterior, sua mãe se insurge porque não ganhou um maiô, seu filho faz cocô na sunga e chora para alguém limpá-lo e sua cunhada recusa-se a limpá-lo. A situação é tão complexa que somente a teoria do caos dá conta.
Finalmente a partida, quer dizer, quase. Falta enfiar no carro o isopor, as pranchas e bóias, as barracas, as cadeiras, inúmeras sacolas com farnel variado e dezenas de toalhas, brinquedos, baldes, piscininha, roupas extras e mais uma infinidade de badulaques. Pronto! Quer dizer, quase. Falta enfiar três crianças e cinco adultos no carro, tarefa relativamente simples, se não houvesse a necessidade de dirigir o veículo após todos entrarem. Após um difícil exercício de logística e distribuição esta tudo pronto. Quer dizer, quase. Falta voltar em casa para pegar meia dúzia de não-sei-o-quê que esqueceram e levar a mais nova que cismou que quer beber água. Enfim, tudo pronto. Partimos.
É nesse ponto que sua pretensa erudição resume o que será o restante do dia, lembrando-se da frase inscrita nos portões do inferno de Dante: “abandonai aqui toda a esperança”. Enfim, é a vida.
Tudo caminha bem até esse ponto, sogra e esposa trocam receitas, sua mãe ronca como um motor V8, sua cunhada reclama do calor, seus filhos gritam como hienas na savana africana ao mesmo tempo em que se revezam escoiceando as costas da sua poltrona, de forma a criar um clima de paz e relaxamento para você que esta dirigindo num trânsito que flui como uma artéria entupida de colesterol. Tudo é alegria, seus filhos até param de gritar e passam a cantar em coro, no seu ouvido, a mesma música da Xuxa repetidas vezes, como num mantra psicodélico, acompanhando a sinfonia de buzinas que teimam em ser tocadas, como se o barulho tivesse alguma propriedade mágica de desintegrar uns quinhentos carros para que os demais voltassem a andar.
Após duas horas presos no trânsito, tentando entender que prazer pode redundar disso, chegamos ao destino final, a praia. Damos umas três voltas até que finalmente surge uma vaga, distante uns duzentos metros da onde sua família quer ficar (eles nem ligam, afinal você é quem vai fazer dez viagens de ida e volta carregando a bagagem). A vaga é bem apertada, e após algumas idas e vindas, o carro encaixa. Logo aparece do nada um flanelinha. Devia estar escondido em algum canto para não lhe ajudar a estacionar naquela vaga-kitinete. Chega e já vai mandando: _ Patrão, deixa o do café logo aí, pode ser? Você que não é bobo nem nada, e não deseja ver na volta da praia a pintura do seu carro parecendo Guernica de Picasso, deixa logo cinco pratas para o fulano não encrencar.
Quando finalmente você consegue trazer para a areia a última bóia do Mickey, armar todas as barracas no espaço ínfimo que sua família escolheu para ficar (próximo ao mar, distante do quiosque e praticamente entre dois jogadores de frescobol) e já esta prestes a sentar numa esteira (pois todas as cadeiras já foram ocupadas), seus filhos decidem que é hora de encher a piscininha. Vinte e cinco baldes de quinze litros depois, sua coluna ardendo mais que uma caldeira de siderúrgica, você se atira na esteira, já coberta por uma espessa camada de areia que seu filho atirou sobre ela, e começa a relaxar. Tudo ótimo, famíla feliz, você contempla o mar por exatos quarenta e cinco segundos até que sua amantíssima senhora começa a fazer os pedidos de comida e bebida (sabe o farnel que você trouxe? Pois é, nada será tocado). Você se levanta e tenta chamar o menino do quiosque, mas a distância é tão grande que ele pensa que você esta fazendo tai chi chuan e nem liga para seus acenos. Você desiste e vai até o quiosque, faz os pedidos, aguarda meia hora e leva tudo para sua família. Educadamente eles devoram tudo em questões de segundos, como se estivessem perdidos do Saara a dias e tivessem sido resgatados por alguma tribo berbere e levados para um oásis de fartura.
E o domingo segue se arrastando.
Depois de correr atrás das crianças o dia inteiro, recorrer ao salva-vidas para achar sua sogra que se perdeu, agüentar sua cunhada continuar a reclamar do calor em plena praia, sua mãe implicando com as crianças da barraca ao lado e sua esposa fazendo cara feia para este episódio, chega a hora de voltar para casa. Deus seja louvado.
A volta também é outro momento ímpar. As crianças têm areia em orifícios que você desconhecia, sua sogra é arrastada da areia pela sua cunhada, pela sua esposa e pela sua mãe, lembrando o resgate de um cachalote pelo green peace, sua cunhada dando graças e você com o sentimento de um soldado que cumpriu seu dever junto a pátria, lutou e venceu a guerra.
O Trânsito continua infernal no retorno para casa, mas o tempo mais fresco ameniza o sofrimento, as crianças cansadas dormem como anjos, a sogra lembra que fez um bolo maravilhoso, aquele que você mais gosta, sua cunhada respira aliviada dentro do carro com o ar-condicionado ligado, sua mãe cantarola tranqüilamente e sua esposa lhe sorri agradecida por você ter se mantido são naquele hospício.
Chegando em casa você nem liga em ser o último a tomar banho, senta-se na varanda e acende o cachimbo, baforando em paz com o espírito ancestral que guarda os pais. Por fim, sua vez de banhar-se. Ao entrar no banheiro este se assemelha a um pântano da Louisiana, você teme inclusive que algum crocodilo saia num repente pelo ralo e lhe coma os pés. Para piorar, sua esposa grita-lhe: _ Não esquece de enxugar o banheiro depois que acabar, heim!
Assim, tudo termina como começou, com a família feliz.

CEVDM

sábado, 13 de junho de 2009

Festinha de aniversário

Festas de aniversário de criança são lugares interessantes, principalmente para exercitarmos certas estratégias de sobrevivência paterna e observarmos comportamentos e práticas sociais no mínimo curiosos (no mais das vezes ditados por uma justaposição daquilo que é conveniente do ponto de vista da etiqueta, com aquilo que reflete o interior das pessoas naquela situação em particular).
Falando assim fica meio vago ou teórico, o que no fim das contas quer dizer a mesma coisa. Por isso acho que vale a pena avaliarmos alguns dessas estratégias, comportamentos e práticas para darmos substância a nossa afirmação.
Comecemos pela recepção. Ao chegarmos, os pais da criança aniversariante nos estendem as mãos com um olhar afetuoso nos dizendo que é muito bom termos aparecido, e nós respondemos, de forma quase efusiva, que o prazer é inteiramente nosso. Na realidade, se atentarmos ao olhar dos pais que nos recepcionam enxergaremos a seguinte mensagem: _ Porra, mais gente! Onde é que vou enfiar estes putos? Será que tem refri pra todo mundo? Esse pai tem cara de biriteiro, vai acabar com minha Cintra! A contrapartida é semelhante, pois que aquele cumprimento dos pais convidados, bastante efusivo (lembram?), quer dizer mais ou menos a seguinte: _ Ó Senhor, que fizemos para merecer tamanho castigo? É a quarta festinha este mês! Será que o animador vai me botar de peruca ou me fazer descer até o chão hoje? Puta-que-me-pariu!
Em seguida temos a escolha do lugar em que iremos nos acomodar. Chegar com um atraso de mais de uma hora costuma ser uma vantagem, já que os familiares e os convidados mais incautos ocuparam as mesas próximas à animação e ao som (que costuma ser estridente). Desta maneira, restam as mesas próximas à cozinha, ao banheiro e a saída. As mesas próximas à cozinha têm a vantagem de sempre sermos servidos primeiro (geralmente os convidados mais gordinhos costumam discretamente se achegar a estes oásis de salgadinhos, guaraná e cerveja quente), porém nem três dias de banho tiram o odor de fritura do cabelo. As acomodações nos arredores dos sanitários costumam provocar uma certa confusão sensorial, visto a diversidade de atividades excretórias praticadas por ali. Por um lado é bom, na medida em que dada a ânsia que brota de nossas entranhas, declinamos das guloseimas que nos são servidas, contribuindo assim para a redução das nossas taxas de colesterol. Por fim, as cercanias da saída soam como as acomodações mais interessantes para nos estabelecermos, visto que após o bolo (falaremos mais deste rito ao final), o relógio biológico da insatisfação leva a uma debandada geral da festinha. O autor (pai de três e assíduo freqüentador de festinhas) recomenda, apesar do garçom só aparecer com restos de salgado e bebidas em ponto de ebulição.
A interação nestas situações também causa desconforto, isto porque as crianças se conhecem, mais os pais (as mães são outra história) não. Crianças têm sempre coisas em comum: são barulhentas, gostam de pipoca, riem de coisas sem graça e fazem côco em momentos e lugares inadequados. Pais quase nunca têm coisas em comum: um gosta de beber, o outro se converteu a Igreja Sagrada do Pai Celestial de Aruanda (que proíbe a ingestão de álcool, sexo durante o ramadã e consulta de preto-velho na sexta-feira da paixão); um gosta de futebol, o outro é vascaíno; um deseja a mulher do próximo, o outro deseja o marido (David Latterman diria: What?); um fuma, o outro tem câncer. Enfim, a forma mais segura de interação entre pais em festinhas de aniversário é falando da Receita Federal, a única unanimidade. Controle apenas os palavrões.
Como eu escrevi, as mães são outra história. Mulheres tem sempre algo em comum: são barulhentas, comem qualquer merda para agradar a dona da festa, riem de coisas sem graça e menstruam em momentos e lugares inadequados. Proliferam assuntos, mais o desfecho é sempre o mesmo: a culpa é dos maridos (o graal da interação feminina).
O pior das festinhas na verdade atende pelo décimo quarto nome da besta bíblica: animadores. Nunca sabemos o que esperar destas criaturas treinadas na arte de provocar constrangimento. Tanto podem pedir uma dentadura durante uma gincana improvisada, como podem pedir para os pais dançarem ao som de Freak Le Boom Boom, da cantora Gretchen. Geralmente são jovens, carentes e com baixa expectativa de vida, visto que não se importam em deliberadamente nos provocar o desejo de matá-los. As mães, seres abnegados, participam com afinco das atividades propostas: dançam, rebolam, vestem fantasias e pilotam carrinhos de rolimã. Os pais, seres abnegados, a tudo se negam: o quadril é duro, lembram do pino no joelho que não lhe permite abaixar, são alérgicos ao pompom da fantasia e apesar de, com sinceridade juvenil, quererem pilotar o carrinho de rolimã, a hemorróidas não permitem.
Chega então a hora do parabéns. O clímax da festinha, pois a criança que comemora mais uma tenra primavera será o centro das atenções. As pessoas se aglomeram em torno da mesa do bolo com uma postura de alívio, as crianças se posicionam de forma a atacar as balinhas do entorno, e a criança aniversariante chora em profusão, intimidada pelos olhares dos presentes. Contornada as lágrimas pueris vem o parabéns, na verdade tem início o equivalente nos playgrounds das torturas perpetradas em Abu Ghraib: uma seleta lista de musiquinhas de aniversário, que vão do clássico “parabéns pra você, nesta data querida”, passando pelo “hoje vai ter uma festa”, até o não menos clássico “com quem será?”, sem citar as inúmeras outras evocações do cancioneiro popular, cantadas por crianças histriônicas e familiares e convidados bêbados, passam a nos atormentar por cerca de vinte a vinte e cinco minutos (fato apenas aliviado caso você seja um dos convidados bêbados), findo os quais todos retornam as suas mesas esperando o bolo e os docinhos. Os pais prevenidos levam suas próprias sacolinhas para acondicionar o farnel (bolo, resto de salgadinhos, torta salgada e saquinhos surpresa de doces) e os inúmeros brindes de R$ 1,99 distribuídos. Os menos prevenidos, ou aqueles que querem passar por educados, após insistência dos donos da festa, improvisam com pratinhos descartáveis e guardanapos uma maneira de carregar os despojos da festa, garantindo assim, para o dia seguinte, o petisco requentado a ser servido durante o Fantástico.
E por fim, a despedida tão sonhada. Após os cumprimentos afetuosos e não menos efusivos, reputo que até mais efusivos, todos se recolhem, cada um com a sua função (limpar o salão ou a bunda das crianças), com um mesmo pensamento na cabeça: _ Caralho, que bom que acabou!

terça-feira, 31 de março de 2009

Xixi vermelho

Texto escrito a dois anos.

_ Papai, a minha amiga disse que quando agente faz xixi vermelho já pode ter neném.
(minutos de silêncio da minha parte)
_Éééééé, filha, que coleguinha é essa? Perguntei enquanto ainda tomava fôlego após o direto de direita que havia tomado.
_ É fulana, prima de sicrana. É mais velha que a gente, disse toda orgulhosa minha filha de sete anos por conhecer alguém mais experiente, do quarto ano, talvez com nove anos.
Uma pergunta como esta nos faz acordar para a maior de todas as realidades: nossos filhos crescem! (Ufa!)
Num dia lá está o meu docinho de coco, ensaiando os primeiros passos, no outro já está voando para fora do ninho.
_ Pai, este é o Zé (sempre o Zé).
_ Quem? Pergunto distraído pensando se tratar de mais um coleguinha da escola.
_ Meu ficante.
_ O que?!?!?
_ Aquele que eu dou uns beijos pai.
_ Como?!?!?
_ Na boca pai.
_ Não...
_ Dou sim pai.
_ O que ?!?!?
_ Beijo pai.
_ Então ta, prazer meu filho. Voltem ás dez.
Talvez seja só desespero de pai ciumento, afinal ela só tem sete anos. Ainda vai ser meu docinho por mais uns... cinco ou seis anos! Caramba! Só isso?
Pois é, quem diria que aquela menininha de shortinho e sem camisa, brincando na sala com mais barbies do que a população do Congo, um dia iria crescer. Não sei bem o que me assusta nessa história, mas sei que me assusta. Talvez seja a vaga idéia de que crescendo a vida vai se mostrar mais crua, mais dura para ela. Talvez eu a queira sobre abrigo destas intempéries, eternamente intocada pela aspereza do mundo adulto. Infantilidade minha, eu sei. Fazer o que? Não conheço um único homem que não seja um eterno crianção, até mesmo os grandes ícones do mundo o são. Veja Ghandi por exemplo, de birra com os ingleses ficava sem comer, e quando os britânicos baixavam a lenha ele bradava:_ Nem doeu!
Jesus então, quando o demônio o tentou quem é que ele chamou? O Pai.
Somos todos crianções
Sei que não vou conseguir deixá-la pequena para sempre, a não ser na tatuagem que tenho de seu rosto em meu braço direito. A cada dia que passa suas idéias mudam, seu olhar se altera, o seu “ser” se torna outro. É uma marcha inexorável. Resta-me aproveitar o que sobra desta fase: brincar de boneca (por mais insuportável que seja), ver desenho das super-poderosas (apesar de preferir ver a final do UFC), correr atrás de bola (apesar da bosta do meu joelho gritar em contrário), brincar de pique-sei-lá-o-que-da-casa-do-c...-mais-velho... Brincar e curtir, porque daqui a pouco, bem pouquinho mesmo, ela vai acordar e será uma adulta.
Bom, em certa medida também vai ser um alívio. De qualquer forma eu ainda tenho outros dois filhos para curtir e me emputecer. Ainda tenho alguns anos de pai de criança pela frente. Bonecas e carrinhos para curtir.
A sim, para os curioso de plantão, que querem saber o que eu expliquei para minha filha após a retumbante afirmação feita por ela. Fiz o que todo pai dedicado e esclarecido faria. Mandei ela conversar com a mãe.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Numa manhã qualquer, num mês de janeiro vindouro, acordarei e não mais ouvirei choros e gritos. Nesse dia, e somente nesse dia, e em nenhum outro, nem antes e nem depois desse dia, sentirei falta das manhãs, tardes e noites de discórdias sobre brinquedos e esperneios sobre banho e comida. E então, depois desse breve momento de saudosismo sentimentalóide, somente a paz reinará. Mal posso esperar para envelhecer...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Dizendo oi pra cambada

Olha, eu devo esclarecer, logo de cara, que este blog não é dedicado às mães (leiam o título) de forma alguma, nem aos pais que tenham rara sensibilidade. Não vou traduzir aqui de forma poética a paternidade dentro de uma visão de masculinidade pós-moderna que encara o homem a partir de uma perspectiva evanescedora do que é singular ao homem e a mulher (seja lá o que isso quer dizer).
Para mim homem é homem, mulher é mulher. E não me venham julgar, dizendo bobagens que sou a favor disso ou daquilo, contra isso ou aquilo. Que ser homem é ter dignidade, ter honra, ser fiel e blablablabla. Estas não devem ser qualidades do homem gênero, mas do homem espécie!
Sou homem, do ângulo do gênero, por algumas características, que se estivessem reunidas em uma mulher ela seria sapatão. Por exemplo: choro em filme, mas só se estiver sozinho, e depois pingo colírio pra não dar na vista; sou peludo e me recuso a aceitar a idéia de que devo aparar ou me depilar (isso é, definitivamente, o fim, e não me venha dizer que é questão de higiene, vão se fuder, eu tomo banho e não tenho futum); tenho barba, aparo-a no barbeiro (barbeiro! Não cabelereiro!) e a parte que raspo eu faço com navalha; tiro meleca e peido, não necessariamente em público, mas não fico tímido se tiver alguém por perto; até faço serviços domésticos, mas se der mole eu pulo fora; tenho meus passatempos: cachimbos, charutos, café e internet; não saco merda nenhuma de carro ou futebol, mas finjo bem pra cacete.
Enfim, sou homem a moda do século passado, bom, pelo menos até meados da década de 80.
Assim sendo, o que vou descrever aqui, e não diariamente (porque diário é coisa de mulherzinha e porque, afinal de contas, eu trabalho porra!), é minha visão de homem (conforme eu entendo ser homem) da paternidade, do que eu vivo como pai ( e olha que eu entendo um pouco desta porra, afinal aqui em casa são três).
Dito isso, posso me apresentar. Oi, meu nome é Eduardo, sou professor e pai de três filhos, casado a 10 anos e vou procurar dar uma mão aos confrades homens que são pais mas não leêm a CRESCER porque não se identificam naquilo lá, e querem saber se existe alguém no mundo que pensam como eles, ou se eles são os maiores FDP da Terra. Uma palavra de consolo: mais gente pensa como vocês e sim, nós somos os maiores FDP da Terra, e daí? Nós somos homens!